Deu no jornal nacional
Foi alegria pra gente
Saber que o tal presidente
Vinha pra inauguração
- Que grande decepção!
Não era pro aeroporto?
- É feio mexer com morto
Sem vela nem procissão...
O novo afã Capixaba
Deixou o “aero” de lado
Pois bem mais vale o calado
De um porto em água profunda
E a tramóia que circunda
Soa quase convincente
Só peço que não invente
Uma mão na minha bunda!
Desculpe a ignorãnça
Da minha colocação
É que ando meio avesso
A tanta bajulação
Ainda que não lhe ocorra,
Governo que usa masmorra
Não honra admiração
Pois bem, se aqui tudo pode
Só não sabemos bem quanto
O sim e o quiçá, contanto
Que tenha “condicionante”
Mas peço que não se espante
Se ficar meio sujinho
Óleo, fumaça e pózinho
Varre pra baixo da estante
No ê-ésse sustentável
Ambiental e correto
Licença não tem mais veto
Projeto não tem mais furo
Floresta perdeu pro muro
Mas por falta de espaço
Quem ama o porto e o aço
Não se importa com ar puro!
E pode soltar fumaça
E vir rasgar mar adentro
Sem peroá e sem cuentro
O céu já tá preto mesmo...
O barco já segue a esmo
E o paraíso, distante
Não é mais tão relevante
Quanto um prato de torresmo
Essa tal “condicionante”
Que os “home” põem na licença
Ainda que não convença
É a grande solução
(Para enricar quem já é rico
E enganar quem é decente...)
É o grande estratagema
Dum xadrez bem convincente
Que finge ser justo e mente
Com toda convicção...
Faz tempo que eu nunca vejo
Tudo tão claro e aflito
É como ganhar no grito
Em brincadeira de mudo
O Estado em seu escudo
A mídia tão conivente
Cada um no seu regalo
De letargia consente
Sonhando a desesperança
Do sonho que não se cansa
De amanhecer indolente
O Brasil tem um Estado
Que cresce quase uma China
Por mês, ninguém imagina
O quanto esse Estado cresce!
E por onde a gente passa
Pisando em bosta ou em óleo
É tanto gás e petróleo
Que até da fome se esquece
(ou ela esquece da gente?!)
- Que sonho mais indecente
Fui ter nesse feriado
Petróleo na praia inteira
Matou todo meu pescado!
Saquei no banco, ligeiro
Meu royalty em dinheiro
Comprei peixe congelado!
Na real, um dia espero
Entenderemos, no fundo
Nosso prumo tá virado
Para a contramão do mundo
É mais triste do que cômico
Sonhar o bem econômico
Atropelando o que é justo...
“Estado superpotência (...)
Quer apostar na demência
Do progresso a qualquer custo!”
sábado, 10 de abril de 2010
terça-feira, 16 de março de 2010
Todos os municípios do ES registraram degradação ambiental nos últimos dois anos
Todos os municípios do Espírito Santo registraram problemas ambientais nos últimos 24 meses, de acordo com a Pesquisa de Informações Básicas Municipais do IBGE - MUNIC 2008. As principais alterações verificadas foram assoreamento do corpo d'água - apontado por 64 municípios - e poluição da água, verificada por 58 cidades.
Além desses casos, outros problemas foram apontados, como contaminação do solo e escassez de água. Em todo o Brasil o estudo indica que as alterações mais comuns são queimadas, desmatamento e assoreamento de rios, lagoas e riachos.
Para enfrentar os problemas ambientais os municípios devem contar com órgãos que atuem no enfrentamento às questões. No Espírito Santo todos os 78 municípios contam com alguma estrutura desse tipo, segundo o IBGE. Uma média superior à brasileira, que é de 77,58% . Mas somente 32 cidades capixabas possuem secretarias exclusivas para tratar do tema; 38 dividem a pasta com outro tema e 8 têm departamento, assessoria ou estrutura similar. Essa estrutura ocupa no Estado 1.071 funcionários, de efetivos a estagiários.
De acordo com o IBGE em todo o país ocorre uma divisão populacional no que se refere aos tipos de estrutura ambiental municipal. Nas cidades com até 5 mil habitantes, predomina secretaria não-exclusiva (58,2%), seguida de departamento, assessoria e órgão similar (32,2%) e secretaria exclusiva (9,7%). Nos municípios com mais de 500 mil habitantes, predomina a secretaria exclusiva (61,1%), seguida de secretaria municipal em conjunto com outros temas (25,0%), e departamento, assessoria e órgão similar (13,9%).
Recursos
Recursos específicos para a área de meio ambiente são fundamentais para viabilizar ações da prefeitura na área ambiental, no entanto, menos da metade das prefeituras do Brasil (2 079 municípios, ou 37,4%) dispõe de tais recursos. No Espírito Santo a porcentagem é ainda menor, de 27,7%. Dos 78 municípios, apenas 17 possuem recursos específicos para a área de meio ambiente oriundos do poder público municipal.
Ações internunicipais
Alguns problemas ambientais não podem ser resolvidos isoladamente pelos municípios. Nesses casos, fazem-se necessárias ações integradas entre os municípios. No conjunto dos municípios brasileiros, 59,9% (3 332) participam de articulações desse tipo. A participação é maior nas Regiões Sul (85,3%) e Centro-Oeste (60,1%). A média do Sudeste é de 55,4% dos municípios. Já no Espírito Santo 73 das 78 cidades fazem parte de algum tipo de organização intermunicipal para a solução de problemas ambientais.
O tipo mais freqüente são os comitês de bacias hidrográficas, dos quais participam 69 municípios capixabas. O comitê é definido pelo IBGE como "órgão colegiado constituído por representantes dos governos (União, estado e município) integrantes da bacia, dos usuários das águas e de entidades da sociedade civil, cujo objetivo é a gestão dos recursos hídricos em uma bacia hidrográfica". Os maiores esforços conjuntos entre as cidades capixabas são para recuperação da qualidade do recurso hídrico e recuperação de áreas degradadas.
Além desses casos, outros problemas foram apontados, como contaminação do solo e escassez de água. Em todo o Brasil o estudo indica que as alterações mais comuns são queimadas, desmatamento e assoreamento de rios, lagoas e riachos.
Para enfrentar os problemas ambientais os municípios devem contar com órgãos que atuem no enfrentamento às questões. No Espírito Santo todos os 78 municípios contam com alguma estrutura desse tipo, segundo o IBGE. Uma média superior à brasileira, que é de 77,58% . Mas somente 32 cidades capixabas possuem secretarias exclusivas para tratar do tema; 38 dividem a pasta com outro tema e 8 têm departamento, assessoria ou estrutura similar. Essa estrutura ocupa no Estado 1.071 funcionários, de efetivos a estagiários.
De acordo com o IBGE em todo o país ocorre uma divisão populacional no que se refere aos tipos de estrutura ambiental municipal. Nas cidades com até 5 mil habitantes, predomina secretaria não-exclusiva (58,2%), seguida de departamento, assessoria e órgão similar (32,2%) e secretaria exclusiva (9,7%). Nos municípios com mais de 500 mil habitantes, predomina a secretaria exclusiva (61,1%), seguida de secretaria municipal em conjunto com outros temas (25,0%), e departamento, assessoria e órgão similar (13,9%).
Recursos
Recursos específicos para a área de meio ambiente são fundamentais para viabilizar ações da prefeitura na área ambiental, no entanto, menos da metade das prefeituras do Brasil (2 079 municípios, ou 37,4%) dispõe de tais recursos. No Espírito Santo a porcentagem é ainda menor, de 27,7%. Dos 78 municípios, apenas 17 possuem recursos específicos para a área de meio ambiente oriundos do poder público municipal.
Ações internunicipais
Alguns problemas ambientais não podem ser resolvidos isoladamente pelos municípios. Nesses casos, fazem-se necessárias ações integradas entre os municípios. No conjunto dos municípios brasileiros, 59,9% (3 332) participam de articulações desse tipo. A participação é maior nas Regiões Sul (85,3%) e Centro-Oeste (60,1%). A média do Sudeste é de 55,4% dos municípios. Já no Espírito Santo 73 das 78 cidades fazem parte de algum tipo de organização intermunicipal para a solução de problemas ambientais.
O tipo mais freqüente são os comitês de bacias hidrográficas, dos quais participam 69 municípios capixabas. O comitê é definido pelo IBGE como "órgão colegiado constituído por representantes dos governos (União, estado e município) integrantes da bacia, dos usuários das águas e de entidades da sociedade civil, cujo objetivo é a gestão dos recursos hídricos em uma bacia hidrográfica". Os maiores esforços conjuntos entre as cidades capixabas são para recuperação da qualidade do recurso hídrico e recuperação de áreas degradadas.
domingo, 14 de março de 2010
Opiniões referentes ao Licenciamento do Estaleiro JURONG
À redação e a todos colegas do conselho de leitores de A Gazeta,
Sou inteiramente a favor da iniciativa privada, e acredito piamente na força do capital privado como instrumento de geração de riqueza e justiça social.
Não se trata de companha contra grandes projetos como dito pelo nosso Governador P. Hartung na pág. 29 da Gazeta de hj.
Entretanto é inadmissível aceitar que um empreendimento de tal envergadura seja contemplado com uma licença ambiental a toque de caixa e mais inacreditável ainda com essa "autorização" sendo "providenciada" pelo "Conrema" por 15x1.
Isso tudo acontecendo em pleno século 21 onde a sustentabilidade é ou deveria ser a prioridade do momento.
Nesse momento mais do que nunca a liberdade de imprensa deve entrar em ação e esmiuçar o porque de uma "$ mágica $" como essa pode acontecer...
Quem são esses "con$elheiro$"?
Qual é o conceito que eles cultivam sobre o tema preservação ambiental e sustentabilidade?
Vejo que o nosso Jornal A Gazeta é nossa única esperança de elucidação, com a força da juventude que tão bem o KK apresentou no "Da Redação" de hj.
Mas não quero ver essa atuação depois do leite derramado, como no caso escandaloso de nossa justiça estadual, que a mais de 15 anos as "mutretas" aconteciam e grande parte dos formadores de opinião sabiam e ninguém botava o "guizo" no pescoço do gato...
Já imaginou se parte dessa geração que agora está no poder e que tanto é criticada como ex-terroristas e na época de jovens não tivessem resistido? onde tudo ia parar?...
Nessa última 6ª feira no churrasco pós nossa pelada no Álvares Cabral eu e Claudinho (Sec. do Meio ambiente do município da Serra), manifestamos nossa indignação um para o outro diante de tão monstruoso absurdo, e agora na manhã de domingo ao abrir minha cx de e-mail recebo o texto abaixo que muito bem traduz nossa perplexidade... o qual repasso a todos e que certamente vai gerar profunda reflexão naqueles que estão antenados em qual planeta nossos filhos viveram ...
Sds.
Orlando Costa.
Membro titular do Conselho de Leitores de A Gazeta.
Em 28 de fevereiro de 2010 11:53, Claudio Denicoli claudiodenicoli@hotmail.com escreveu:Caros Colegas,
Diante da situação como está sendo conduzida a questão do estaleiro em Aracruz, encaminhei minha opiniáo à reporter Rita Bridi do jornal a Gazeta, até preocupado com a influência no nosso município.
Querida Rita,
Começo lembrando que 2010 é o ano da biodiversidade, declarado desde 2006 pela Assembléia Geral das Nações Unidas (Resolução 61/203). Todos sabemos da extrema relevância ambiental dessa área no município de Aracruz com inúmeras espécies animais que habitam a região.
Ninguém, nem mesmo o mais radical ambientalista, é contra o desenvolvimento sustentável. Até porque a geração de oportunidades, de melhoria de qualidade de vida representam preservação do meio ambiente. Isso fará com que o homem se sinta parte importante dos ecossistemas em que vive.
Não é possível que uma obra de um estaleiro dessa envergadura seja analisada num período tão curto de tempo, haja vista que o processo para licenciamento foi protocolado no final do ano, antes do natal e ano novo.
Então houve menos de 60 dias para análise e parecer para emissão da LP. E nós sabemos que os órgãos de gestão ambiental não acompanharam o crescimento do Estado e estão com suas estruturas limitadas. A Licença Prévia é uma viabilidade ambiental, ou seja, é um diagnóstico da área de interesse, observando também a legislação, as Resoluções e Instruções Normativas, onde são apresentados os locais possíveis de intervenção sem que existam prejuízos irreparáveis ao meio ambiente. É um parecer eminentemente técnico e que reúne profissionais de multas áreas para avaliarem as diversas faces da nossa mãe natureza.
Essa viabilidade permite a emissão futura da Licença de Instalação, um passo seguinte quando são apresentados os projetos executivos do empreendimento. Ora, não havendo um diagnóstico prévio da área, permite ao empreendedor um alto investimento nos projetos para obtenção da LI, que priorizará, é claro, os interesses econômicos aos ambientais.
Então afirmo que essa LP já viabiliza até a Licença de Operação (LO), porque depois das altas cifras gastas ninguém segura o empreendimento. Depois do indeferimento dos Técnicos do IEMA, encaminhou-se o processo ao Consema (Conselho Estadual de Meio Ambiente) que ratificou a posição Técnica e por fim foi enviado ao Conrema (Conselho Regional de Meio Ambiente), onde menos de um terço dos conselheiros tem algum conhecimento técnico e que sob uma pressão incomum autorizaram ao IEMA desprezar o parecer técnico e emitir a LP.
Pergunto qual a competência que um conselho regional tem de autorizar uma emissão de licença ambiental?
Que conhecimento técnico possui?
Um conselho regional possui mais autoridade que o Órgão Estadual de Meio Ambiente?
Num momento em que o mundo discute sustentabilidade, aqui no Espírito Santo, agimos alheios a isso e promovemos o desenvolvimento a qualquer custo?
E as áreas de influência? Fundão, Serra?
Nosso litoral será afetado de que forma?
Não sabemos e nem vamos saber antes da obra concluída, o projeto vai sair do papel sem nada ser avaliado.
Poucos sabem, mas laudo do IDAF confirma que serão suprimidos 702.300 m2 de vegetação num total de 800.000 m² existentes.
Sinceramente acho que não é isso que a sociedade quer.
Então deveria haver mais tempo para um amplo debate.
Mesmo porque temos condições de abrigar qualquer investimento desde que haja DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
Painel do Clima no banco dos “réus”
Eron Bezerra * - 9 de Março de 2010 - 1h11
Para o IPCC, o aquecimento global decorre exclusivamente da emissão de gases de efeito estufa (GEE), dentre os quais o gás carbônico (CO2) tem papel saliente. Os opositores do IPCC sempre sustentaram que o aquecimento decorre de alteração do próprio sistema solar.
Do ponto de vista rigorosamente científico, as duas afirmações são temerárias. Uma causa com tantas variáveis nunca tem um fenômeno exclusivo a determiná-lo, mesmo que se possa reconhecer determinada preponderância desse ou daquele fenômeno no processo que lhe dá causa.
Para que se compreenda, porém, qual a motivação que anima essas correntes de pesquisadores, é preciso compreender a que doutrina, a que concepção filosófica eles se associam em termos de desenvolvimento.
Por outro lado, os pesquisadores que atribuem à emissão de gases de efeito estufa a exclusividade da causa do aquecimento global revelam, além de limitação teórica, uma clara concepção santuarista. Tal concepção fica evidente quando boa parte deles procura responsabilizar as queimadas amazônicas como uma das principais causas dessa emissão, mesmo sabendo que a Amazônia limpa e não polui o meio ambiente. Perfilam-se, conscientemente ou não, às correntes ideológicas que ao longo dos tempos tentam internacionalizar a Amazônia.
O imperialismo muda de tática, mas não de objetivo. Já recorreu à tática militar, científica, religiosa, econômica e no momento usa o meio ambiente como a sua mais sofisticada tática, na medida em que o apelo ambiental é sensível a praticamente todas as correntes de pensamento progressista. Ninguém em sã consciência pode ser indiferente às conseqüências de uma eventual tragédia ambiental.
E é precisamente potencializando real ou artificialmente os riscos dessa catástrofe que o imperialismo atua. Com base no terror ambiental cria uma situação propícia não para ser rigoroso no licenciamento ambiental, mas para impedir ou dificultar ao extremo toda e qualquer licença de exploração da Amazônia.
É a isso que eu denomino de “teoria do bloqueio”. Fica evidente, como dizia Pasteur, que “a ciência é neutra, o cientista não”.
A ONU decidiu constituir uma comissão independente de cientistas para revisar o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC , na sigla em inglês). A decisão se tornou imperiosa diante dos sucessivos questionamentos que os cientistas ligados ao painel do clima vêm sofrendo, inclusive com a denúncia de fraude e/ou manipulação de dados para sustentar a versão oficial do IPCC.
Dentre essas denúncias, está o uso de dados extraídos de relatórios de ONGs, como WWF, por exemplo, como base do relatório do IPCC; a descoberta de que os cientistas do IPCC procuravam impedir o acesso ao relatório oficial de todo cientista que não compartilhasse de suas opiniões e, mais grave e criminosa, a tentativa de boicotar qualquer publicação desses pesquisadores em revistas indexadas.
A descoberta representa um duro golpe ao IPCC e, naturalmente, recrudesce a polêmica em torno de qual é a real causa do aquecimento global. Antes mesmo desse escândalo, diversos grupos de cientistas já haviam questionado as certezas cartesianas do IPCC o que, convenhamos, é pouco razoável em se tratando de um fenômeno para o qual concorrem milhares de variáveis.
Para o IPCC, o aquecimento global decorre exclusivamente da emissão de gases de efeito estufa (GEE), dentre os quais o gás carbônico (CO2) tem papel saliente. Os opositores do IPCC sempre sustentaram que o aquecimento decorre de alteração do próprio sistema solar.
Do ponto de vista rigorosamente científico, as duas afirmações são temerárias. Uma causa com tantas variáveis nunca tem um fenômeno exclusivo a determiná-lo, mesmo que se possa reconhecer determinada preponderância desse ou daquele fenômeno no processo que lhe dá causa.
Para que se compreenda, porém, qual a motivação que anima essas correntes de pesquisadores, é preciso compreender a que doutrina, a que concepção filosófica eles se associam em termos de desenvolvimento.
Parece evidente que os pesquisadores que sustentam que o aquecimento solar é a causa básica do aquecimento global não reconhecem na atividade antrópica qualquer limitação, o que evidentemente não é verdadeiro. São adeptos do que eu costumo classificar de produtivistas.
Por outro lado, os pesquisadores que atribuem à emissão de gases de efeito estufa a exclusividade da causa do aquecimento global revelam, além de limitação teórica, uma clara concepção santuarista. Tal concepção fica evidente quando boa parte deles procura responsabilizar as queimadas amazônicas como uma das principais causas dessa emissão, mesmo sabendo que a Amazônia limpa e não polui o meio ambiente. Perfilam-se, conscientemente ou não, às correntes ideológicas que ao longo dos tempos tentam internacionalizar a Amazônia.
O imperialismo muda de tática, mas não de objetivo. Já recorreu à tática militar, científica, religiosa, econômica e no momento usa o meio ambiente como a sua mais sofisticada tática, na medida em que o apelo ambiental é sensível a praticamente todas as correntes de pensamento progressista. Ninguém em sã consciência pode ser indiferente às conseqüências de uma eventual tragédia ambiental.
E é precisamente potencializando real ou artificialmente os riscos dessa catástrofe que o imperialismo atua. Com base no terror ambiental cria uma situação propícia não para ser rigoroso no licenciamento ambiental, mas para impedir ou dificultar ao extremo toda e qualquer licença de exploração da Amazônia.
É a isso que eu denomino de “teoria do bloqueio”. Fica evidente, como dizia Pasteur, que “a ciência é neutra, o cientista não”.
quarta-feira, 10 de março de 2010
SEMINÁRIO ECONOMIA VERDE
O Seminário Economia Verde, realizado pela Agência de Fomento Paulista – Nossa Caixa Desenvolvimento, em parceria com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente, acontecerá no próximo dia 15 de março, das 13h00 às 18h00, no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo / SP. O Seminário propõe uma reflexão sobre o atual modelo de produção e as transformações necessárias para o desenvolvimento de uma Economia Verde, de baixa emissão de carbono, no Estado de São Paulo, com metas de redução de emissão de gases e neutralização de poluentes em todas as escalas de produção. O Seminário tem como base a Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC) – Lei 13.798, promulgada pelo governador José Serra em novembro de 2009, e busca levantar com o setor produtivo e representantes de organizações governamentais e não governamentais subsídios para atingir a meta proposta pela Lei. Mais informações podem ser obtidas no link: http://www.
terça-feira, 9 de março de 2010
Ecodebate: A cruzada para negar o aquecimento global
Não há dúvidas sobre o aquecimento global, nem sobre o peso das atividades humanas na sua geração. No entanto, depois de dois anos de uma gigantesca campanha de mídia, envolvendo também a criação de ONGs fajutas e de movimentos aparentemente “grass-root”, portanto “espontâneas e comunitárias”, e sobre tudo listagens de cientístas “céticos” visando dar impressão de “quantidade”, temos resultados, e para os grupos do petróleo, do carvão e semelhantes, terá valido a pena. Segundo a revista britânica The Economist, a proporção de americanos que achavam existir evidências sólidas de aumento das temperaturas globais caiu de 71% em abril de 2008 para 57% em outubro de 2009 (Carta Capital, 16/12/2009, página 48)
O estudo de James Hoggan (Climate cover-up: The cruzade to deny global warming) não é sobre o clima, mas sobre comunicação, e consiste essencialmente em mapear como a campanha foi montada e como hoje funciona. A articulação é poderosa, envolvendo instituições conservadoras como o George C. Marshall Institute, o American
Enterprise Institute (AEI), o Information Council for Environment (ICE), o Fraser Institute, o Competitive Enterprise Institute (CEI), o Heartland Institute, e evidentemente o American Petroleum Institute (API) e o American Coalition for Clean Coal Electricity (ACCCE), além do Hawthorne Group e tantos outros. Sempre petróleo, carvão, produtores de carros, muitos republicanos e a direita religiosa.
Os grandes grupos corporativos aparecem mais discretamente, com exceção da ExxonMobil que inundou com dinheiro o mercado de consultoria e de comunicação. Este “inundou”, naturalmente, é um conceito relativo: são centenas de milhões de dólares, mas New Scientist lembra que “as empresas de petróleo têm vastos lucros. Só a ExxonMobil lucrou US$ 45 bilhões em 2008. Em um mundo sano, certamente encontraríamos uma maneira de desviar um pouco deste dinheiro para resolver os problemas que o próprio petróleo está
gerando. A questão é: estamos vivendo num mundo sano?” (NS, 5/12/2010, p. 5) Não custa lembrar que estas empresas não “produzem” petróleo, e sim extraem e comercializam um bem herdado da natureza que está acabando.
Em termos de personagens, encontraremos os das causas conservadoras e muitos personagens “flexíveis”, como Frank Luntz, Christopher Walker, Fred Singer, Patrick Michaels, Arthur Robinson, Steven Milloy, Benny Peiser e numerosos outros, além da eterna estrela do “contra”, o dinamarquês Lomborg, que graças à sua disponibilidade anti-clima ganha financiamentos para incessantes palestras.
Profissionais das relações públicas (sim, o nome é este) estão sempre presentes. Hoggan, o autor deste estudo, é um profissional de relações públicas e conhece profundamente como funciona a indústria da construção e da destruição das reputações de pessoas ou de causas. Isso o levou a fazer o presente levantamento detalhado de como se estrutura, com o impressionante poder das tecnologias modernas de comunicação, a manipulação da opinião pública. Independentemente da causa, no caso o drama do aquecimento global, o que é muito interessante no livro é entender esta indústria da desinformação.
Naomi Oreskes organizou uma meta-pesquisa, com o buscador “mudança climática global”, e limitada a artigos revistos por pares (peer review). Encontrou 928 artigos, nenhum colocando dúvidas sobre a realidade do processo climático. Nos jornais, no entanto, comentando a pesquisa, 53% dos artigos, buscaram ouvir “os dois lados”, e colocaram de maneira equilibrada opiniões de contestadores. Zero porcento de artigos científicos contestadores sobre o processo climático em si, mas nos jornais aparecia como “um tema em discussão”. O que era o objetivo. O tema está em discussão, afirmam gravemente os grandes grupos geradores do aquecimento (não diretamente, sempre por meio de listas de livre inscrição), portanto o assunto “é controverso”. Os “céticos” passam a se apresentar não como contestadores do fenômeno, mas como os que têm uma visão equilibrada, sem extremismos, portanto acreditam que talvez haja um problema, mas temos de ser ponderados, e adiar decisões.
No caso de Naomi Oreskes, é curioso, pois um Dr. Benny Peiser, professor de educação física (esporte mesmo, não física), realizou uma pesquisa sobre “mudança climática” (e não “mudança climática global”) e apresentou uma lista não de 928 artigos, mas de mais de 12 mil. Portanto, os 928 representariam apenas uma pequena parcela das opiniões. Os jornais, devidamente estimulados (a Fox em particular, naturalmente), fizeram alarde. Faltava demonstrar que os 12 mil tinham opinião contrária. Pressionado por revistas científicas que se recusavam a publicar o seu artigo, Peiser conseguiu localizar 34 artigos “que rejeitam ou duvidam da visão de que as atividades humanas são a principal causa do aquecimento
observado nos últimos 50 anos”. Pressionado ainda para mostrar os artigos e os argumentos científicos em artigos “peer reviewed”, Peiser finalmente chegou a um artigo científico de contestação. Não era revisto por pares, e foi publicado na American Association of Petroleum Geologists. (102)
Tudo isto, evidentemente, amplamente divulgado, em particular por redes de institutos empresariais conservadores, utilizando em parte os mesmos grupos de relações públicas utilizados nas campanhas de caça-voto dos republicanos, e apoiados nas tecnologias de ampla divulgação como youtube. O resultado de tudo? Frente a tanta celeuma, os grupos interessados puderam passar a dar entrevistas “equilibradas”, pois estaria claro que “há controvérsias”. Que era o único objetivo da campanha. Não de negar o inegável, mas de dar a entender que as pessoas comedidas, equilibradas, não vão fazer nada, e muito menos pressionar os agentes do aquecimento global.
O livro é muito instrutivo para quem lida com comunicação, com teoria dos lobbies, com manipulação política. O próprio Hoggan menciona como é cansativo, a cada vez que aparece um cientista de peso mencionado no grupo “cético”, fazer circular a carta de
denegação do cientista, ou destrinchar uma lista de milhares de “opositores” para ver se há no meio alguém que realmente tenha feito alguma pesquisa sobre a única coisa finalmente relevante, que não é a “opinião”, e sim dados científicos novos que provem algo diferente. E depois tentar fazer circular a informação de que a “notícia” afinal não era notícia, isto numa mídia onde as corporações financiam a publicidade.
Uma pérola entre os argumentos e uma das mais utilizadas: “Como os cientistas dizem que podem prever o clima dentro de 50 anos se não são capazes de prever a chuva de amanhã”. Como se meteorologia e estudos climáticos fossem da mesma área. Um britânico pode não saber se vai nevar amanhã, mas sabe perfeitamente prever que vai chegar o
inverno e o frio correspondente, e não hesita em comprar um casaco. Mas o argumento pega e se apoia numa fragilidade que é de todos nós: se nos dão um argumento que confirma a opinião que já estávamos propensos a ter, qualquer estribo vale.
O estudo bem poderia ser traduzido e utilizado para os nossos próprios problemas, como por exemplo o peso da bancada ruralista na opinião pública, ou as campanhas orquestradas pela Febraban, ou ainda a campanha contra a proibição de armas de fogo individuais,
estribadas no “direito de se defender” e até na “liberdade”. Nos Estados Unidos, temos precedentes interessantes e igualmente desastrosos tanto no caso das armas, como na batalha das grandes empresas de saúde privada aliadas com o “Big Pharma” para tentar
travar o direito de acesso a serviços de saúde, sem falar das gigantescas campanhas das empresas de cigarros.
O último livro de Robert Reich, aliás, Supercapitalim, também trata desta apropriação dos processos políticos pelas corporações. O filme O Informante mostra como isto se deu com a indústria do cigarro, enquanto The Corporation explicita o mecanismo de maneira ampla.
Marcia Angell fez um excelente estudo dos procedimentos equivalentes na indústria farmacêutica (em português, A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos). A própria desinformação se transformou numa indústria. É a indústria da opinião pública.
No caso da mudança climática, como qualificar a dimensão ética do que constitui uma clara compra de opiniões? Ou os ataques impressionantes das empresas de advocacia das corporações, que processam qualquer pessoa que ouse sugerir que uma opinião poderia
envolver não a verdade mas interesses corporativos? O liberalismo tem uma concepção curiosa da liberdade.
* Ladislau Dowbor, é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da PUC de São Paulo e da UMESP, e consultor de diversas agências das Nações Unidas. É autor de “Democracia Econômica”, “A Reprodução
Social”, “O Mosaico Partido”, pela editora Vozes, além de “O que Acontece com o Trabalho?” (Ed. Senac) e co-organizador da coletânea “Economia Social no Brasil“ (ed. Senac). Seus numerosos trabalhos sobre planejamento econômico e social estão disponíveis no site http://dowbor.org'
O estudo de James Hoggan (Climate cover-up: The cruzade to deny global warming) não é sobre o clima, mas sobre comunicação, e consiste essencialmente em mapear como a campanha foi montada e como hoje funciona. A articulação é poderosa, envolvendo instituições conservadoras como o George C. Marshall Institute, o American
Enterprise Institute (AEI), o Information Council for Environment (ICE), o Fraser Institute, o Competitive Enterprise Institute (CEI), o Heartland Institute, e evidentemente o American Petroleum Institute (API) e o American Coalition for Clean Coal Electricity (ACCCE), além do Hawthorne Group e tantos outros. Sempre petróleo, carvão, produtores de carros, muitos republicanos e a direita religiosa.
Os grandes grupos corporativos aparecem mais discretamente, com exceção da ExxonMobil que inundou com dinheiro o mercado de consultoria e de comunicação. Este “inundou”, naturalmente, é um conceito relativo: são centenas de milhões de dólares, mas New Scientist lembra que “as empresas de petróleo têm vastos lucros. Só a ExxonMobil lucrou US$ 45 bilhões em 2008. Em um mundo sano, certamente encontraríamos uma maneira de desviar um pouco deste dinheiro para resolver os problemas que o próprio petróleo está
gerando. A questão é: estamos vivendo num mundo sano?” (NS, 5/12/2010, p. 5) Não custa lembrar que estas empresas não “produzem” petróleo, e sim extraem e comercializam um bem herdado da natureza que está acabando.
Em termos de personagens, encontraremos os das causas conservadoras e muitos personagens “flexíveis”, como Frank Luntz, Christopher Walker, Fred Singer, Patrick Michaels, Arthur Robinson, Steven Milloy, Benny Peiser e numerosos outros, além da eterna estrela do “contra”, o dinamarquês Lomborg, que graças à sua disponibilidade anti-clima ganha financiamentos para incessantes palestras.
Profissionais das relações públicas (sim, o nome é este) estão sempre presentes. Hoggan, o autor deste estudo, é um profissional de relações públicas e conhece profundamente como funciona a indústria da construção e da destruição das reputações de pessoas ou de causas. Isso o levou a fazer o presente levantamento detalhado de como se estrutura, com o impressionante poder das tecnologias modernas de comunicação, a manipulação da opinião pública. Independentemente da causa, no caso o drama do aquecimento global, o que é muito interessante no livro é entender esta indústria da desinformação.
Naomi Oreskes organizou uma meta-pesquisa, com o buscador “mudança climática global”, e limitada a artigos revistos por pares (peer review). Encontrou 928 artigos, nenhum colocando dúvidas sobre a realidade do processo climático. Nos jornais, no entanto, comentando a pesquisa, 53% dos artigos, buscaram ouvir “os dois lados”, e colocaram de maneira equilibrada opiniões de contestadores. Zero porcento de artigos científicos contestadores sobre o processo climático em si, mas nos jornais aparecia como “um tema em discussão”. O que era o objetivo. O tema está em discussão, afirmam gravemente os grandes grupos geradores do aquecimento (não diretamente, sempre por meio de listas de livre inscrição), portanto o assunto “é controverso”. Os “céticos” passam a se apresentar não como contestadores do fenômeno, mas como os que têm uma visão equilibrada, sem extremismos, portanto acreditam que talvez haja um problema, mas temos de ser ponderados, e adiar decisões.
No caso de Naomi Oreskes, é curioso, pois um Dr. Benny Peiser, professor de educação física (esporte mesmo, não física), realizou uma pesquisa sobre “mudança climática” (e não “mudança climática global”) e apresentou uma lista não de 928 artigos, mas de mais de 12 mil. Portanto, os 928 representariam apenas uma pequena parcela das opiniões. Os jornais, devidamente estimulados (a Fox em particular, naturalmente), fizeram alarde. Faltava demonstrar que os 12 mil tinham opinião contrária. Pressionado por revistas científicas que se recusavam a publicar o seu artigo, Peiser conseguiu localizar 34 artigos “que rejeitam ou duvidam da visão de que as atividades humanas são a principal causa do aquecimento
observado nos últimos 50 anos”. Pressionado ainda para mostrar os artigos e os argumentos científicos em artigos “peer reviewed”, Peiser finalmente chegou a um artigo científico de contestação. Não era revisto por pares, e foi publicado na American Association of Petroleum Geologists. (102)
Tudo isto, evidentemente, amplamente divulgado, em particular por redes de institutos empresariais conservadores, utilizando em parte os mesmos grupos de relações públicas utilizados nas campanhas de caça-voto dos republicanos, e apoiados nas tecnologias de ampla divulgação como youtube. O resultado de tudo? Frente a tanta celeuma, os grupos interessados puderam passar a dar entrevistas “equilibradas”, pois estaria claro que “há controvérsias”. Que era o único objetivo da campanha. Não de negar o inegável, mas de dar a entender que as pessoas comedidas, equilibradas, não vão fazer nada, e muito menos pressionar os agentes do aquecimento global.
O livro é muito instrutivo para quem lida com comunicação, com teoria dos lobbies, com manipulação política. O próprio Hoggan menciona como é cansativo, a cada vez que aparece um cientista de peso mencionado no grupo “cético”, fazer circular a carta de
denegação do cientista, ou destrinchar uma lista de milhares de “opositores” para ver se há no meio alguém que realmente tenha feito alguma pesquisa sobre a única coisa finalmente relevante, que não é a “opinião”, e sim dados científicos novos que provem algo diferente. E depois tentar fazer circular a informação de que a “notícia” afinal não era notícia, isto numa mídia onde as corporações financiam a publicidade.
Uma pérola entre os argumentos e uma das mais utilizadas: “Como os cientistas dizem que podem prever o clima dentro de 50 anos se não são capazes de prever a chuva de amanhã”. Como se meteorologia e estudos climáticos fossem da mesma área. Um britânico pode não saber se vai nevar amanhã, mas sabe perfeitamente prever que vai chegar o
inverno e o frio correspondente, e não hesita em comprar um casaco. Mas o argumento pega e se apoia numa fragilidade que é de todos nós: se nos dão um argumento que confirma a opinião que já estávamos propensos a ter, qualquer estribo vale.
O estudo bem poderia ser traduzido e utilizado para os nossos próprios problemas, como por exemplo o peso da bancada ruralista na opinião pública, ou as campanhas orquestradas pela Febraban, ou ainda a campanha contra a proibição de armas de fogo individuais,
estribadas no “direito de se defender” e até na “liberdade”. Nos Estados Unidos, temos precedentes interessantes e igualmente desastrosos tanto no caso das armas, como na batalha das grandes empresas de saúde privada aliadas com o “Big Pharma” para tentar
travar o direito de acesso a serviços de saúde, sem falar das gigantescas campanhas das empresas de cigarros.
O último livro de Robert Reich, aliás, Supercapitalim, também trata desta apropriação dos processos políticos pelas corporações. O filme O Informante mostra como isto se deu com a indústria do cigarro, enquanto The Corporation explicita o mecanismo de maneira ampla.
Marcia Angell fez um excelente estudo dos procedimentos equivalentes na indústria farmacêutica (em português, A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos). A própria desinformação se transformou numa indústria. É a indústria da opinião pública.
No caso da mudança climática, como qualificar a dimensão ética do que constitui uma clara compra de opiniões? Ou os ataques impressionantes das empresas de advocacia das corporações, que processam qualquer pessoa que ouse sugerir que uma opinião poderia
envolver não a verdade mas interesses corporativos? O liberalismo tem uma concepção curiosa da liberdade.
* Ladislau Dowbor, é doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da PUC de São Paulo e da UMESP, e consultor de diversas agências das Nações Unidas. É autor de “Democracia Econômica”, “A Reprodução
Social”, “O Mosaico Partido”, pela editora Vozes, além de “O que Acontece com o Trabalho?” (Ed. Senac) e co-organizador da coletânea “Economia Social no Brasil“ (ed. Senac). Seus numerosos trabalhos sobre planejamento econômico e social estão disponíveis no site http://dowbor.org'
US$ 2,2 trilhões: o real custo da poluição
Se tivessem que arcar com os reais custos da poluição, das mudanças climáticas e de outros impactos ambientais, as 3.000 maiores empresas globais perderiam nada menos que um terço de seus lucros – o equivalente a US$ 2,2 trilhões, valor superior ao PIB da maior parte dos países do mundo.
É o que mostra um estudo encomendado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela iniciativa Princípios para o Investimento Responsável, também da ONU. O estudo, executado pela consultoria Trucost, com sede em Londres, ainda será divulgado, mas
a reportagem do jornal britânico The Guardian teve acesso ao estudo. O artigo completo pode ser lido aqui.
Foram analisados os negócios de 3.000 empresas globais, muitas delas com ações negociadas nas principais bolsas de valores do mundo.
O levantamento dá fôlego à preocupação crescente de que o mercado realmente não paga nada pelo uso, pelas perdas e esgotamento a que a atividade econômica diariamente submete o meio ambiente. E avisa: esses impactos já estão tomando proporção de crise, em forma de poluição e da perda rápida de reservas de água, estoques pesqueiro e solos férteis.
Risco para a economia “Estamos falando de um paradigma completamente novo”, disse Richard Mattison, coordenador do estudo. “Externalidades dessa escala e natureza representam um enorme risco para a economia global e os mercados não estão conscientes desses riscos, então simplesmente não sabem como lidar com eles”, diz. Segundo ele, essas externalidades não incorporadas aos custos da produção podem afetar não apenas os lucros das companhias, mas também seus consumidores e investidores.
É o que mostra um estudo encomendado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e pela iniciativa Princípios para o Investimento Responsável, também da ONU. O estudo, executado pela consultoria Trucost, com sede em Londres, ainda será divulgado, mas
a reportagem do jornal britânico The Guardian teve acesso ao estudo. O artigo completo pode ser lido aqui.
Foram analisados os negócios de 3.000 empresas globais, muitas delas com ações negociadas nas principais bolsas de valores do mundo.
O levantamento dá fôlego à preocupação crescente de que o mercado realmente não paga nada pelo uso, pelas perdas e esgotamento a que a atividade econômica diariamente submete o meio ambiente. E avisa: esses impactos já estão tomando proporção de crise, em forma de poluição e da perda rápida de reservas de água, estoques pesqueiro e solos férteis.
Risco para a economia “Estamos falando de um paradigma completamente novo”, disse Richard Mattison, coordenador do estudo. “Externalidades dessa escala e natureza representam um enorme risco para a economia global e os mercados não estão conscientes desses riscos, então simplesmente não sabem como lidar com eles”, diz. Segundo ele, essas externalidades não incorporadas aos custos da produção podem afetar não apenas os lucros das companhias, mas também seus consumidores e investidores.
O maior impacto a que se refere a perda de US$ 2,2 tri é relativo às emissões de gases causadores do efeito estufa, que representam mais da metade do montante. Outros grandes custos são a poluição do ar causada pelos combustíveis (que também se reflete em custos para o
sistema de saúde)e os danos causados pelo uso ostensivo e poluição dos mananciais de água.
Entre os setores que tem os custos ambientais mais elevados estão as empresas de geração de energia e os setores eletrointensivos (que consomem muita energia elétrica), como por exemplo a indústria do alumínio. Isso por causa das emissões de gases estufa que resultam da queima de combustíveis de origem fóssil, como o carvão. Também devem figurar no topo da lista setores que são grandes consumidores de água, como fabricantes de alimentos, bebidas e artigos de vestuário.
O objetivo do estudo é encorajar as empresas a reduzirem seu impacto ambiental antes mesmo que os governos lancem mão de regulação ou impostos para obrigar as companhias a fazê-lo. “Se continuar o uso irracional dos recursos naturais, isso terá um imenso impacto na economia dos países e um imenso problema para os governos consertarem”, diz Mattison.
A preocupação é com o risco de muitas empresas simplesmente fiquem sem insumos que elas precisam para operar. Um exemplo é a perda estimada de 20 mil empregos e US$ 1 bilhão no ano passado enfrentada por empresas do setor agrícola da Califórnia, por causa da escassez de água no estado americano.
*Publicado originalmente no blog Sustentabilidade.
sistema de saúde)e os danos causados pelo uso ostensivo e poluição dos mananciais de água.
Entre os setores que tem os custos ambientais mais elevados estão as empresas de geração de energia e os setores eletrointensivos (que consomem muita energia elétrica), como por exemplo a indústria do alumínio. Isso por causa das emissões de gases estufa que resultam da queima de combustíveis de origem fóssil, como o carvão. Também devem figurar no topo da lista setores que são grandes consumidores de água, como fabricantes de alimentos, bebidas e artigos de vestuário.
O objetivo do estudo é encorajar as empresas a reduzirem seu impacto ambiental antes mesmo que os governos lancem mão de regulação ou impostos para obrigar as companhias a fazê-lo. “Se continuar o uso irracional dos recursos naturais, isso terá um imenso impacto na economia dos países e um imenso problema para os governos consertarem”, diz Mattison.
A preocupação é com o risco de muitas empresas simplesmente fiquem sem insumos que elas precisam para operar. Um exemplo é a perda estimada de 20 mil empregos e US$ 1 bilhão no ano passado enfrentada por empresas do setor agrícola da Califórnia, por causa da escassez de água no estado americano.
*Publicado originalmente no blog Sustentabilidade.
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