sábado, 10 de abril de 2010

Meu pózinho na estante...

Deu no jornal nacional
Foi alegria pra gente
Saber que o tal presidente
Vinha pra inauguração
- Que grande decepção!
Não era pro aeroporto?
- É feio mexer com morto
Sem vela nem procissão...

O novo afã Capixaba
Deixou o “aero” de lado
Pois bem mais vale o calado
De um porto em água profunda
E a tramóia que circunda
Soa quase convincente
Só peço que não invente
Uma mão na minha bunda!

Desculpe a ignorãnça
Da minha colocação
É que ando meio avesso
A tanta bajulação
Ainda que não lhe ocorra,
Governo que usa masmorra
Não honra admiração

Pois bem, se aqui tudo pode
Só não sabemos bem quanto
O sim e o quiçá, contanto
Que tenha “condicionante”
Mas peço que não se espante
Se ficar meio sujinho
Óleo, fumaça e pózinho
Varre pra baixo da estante

No ê-ésse sustentável
Ambiental e correto
Licença não tem mais veto
Projeto não tem mais furo
Floresta perdeu pro muro
Mas por falta de espaço
Quem ama o porto e o aço
Não se importa com ar puro!

E pode soltar fumaça
E vir rasgar mar adentro
Sem peroá e sem cuentro
O céu já tá preto mesmo...
O barco já segue a esmo
E o paraíso, distante
Não é mais tão relevante
Quanto um prato de torresmo

Essa tal “condicionante”
Que os “home” põem na licença
Ainda que não convença
É a grande solução
              (Para enricar quem já é rico
               E enganar quem é decente...)
É o grande estratagema
Dum xadrez bem convincente
Que finge ser justo e mente
Com toda convicção...

Faz tempo que eu nunca vejo
Tudo tão claro e aflito
É como ganhar no grito
Em brincadeira de mudo
O Estado em seu escudo
A mídia tão conivente
Cada um no seu regalo
De letargia consente
Sonhando a desesperança
Do sonho que não se cansa
De amanhecer indolente

O Brasil tem um Estado
Que cresce quase uma China
Por mês, ninguém imagina
O quanto esse Estado cresce!
E por onde a gente passa
Pisando em bosta ou em óleo
É tanto gás e petróleo
Que até da fome se esquece
(ou ela esquece da gente?!)
- Que sonho mais indecente
Fui ter nesse feriado
Petróleo na praia inteira
Matou todo meu pescado!
Saquei no banco, ligeiro
Meu royalty em dinheiro
Comprei peixe congelado!

Na real, um dia espero
Entenderemos, no fundo
Nosso prumo tá virado
Para a contramão do mundo
É mais triste do que cômico
Sonhar o bem econômico
Atropelando o que é justo...
“Estado superpotência (...)
Quer apostar na demência
Do progresso a qualquer custo!”